Trapiche é um lugarejo. Lá morava Rosinha, numa casa modesta. Naqueles dias estava muito aflita, pois se aproximava o dia de seu casamento com Joaquim. Passou a semana toda envolvida com os preparativos, pois haveria uma festança, na qual viria gente de todos os arraias próximos. Rosinha era uma moça muito querida na vizinhança.
Finalmente o dia tão esperado chegara: o dia do seu casamento. Logo após o casamento, todos dançavam alegremente e comiam fartamente. A festa ia adiantada, os convidados alegres, pelo copinho de pinga que passava de vez em quando na sala. A harmônica com seu vai e vem soltava um chorinho no ar. O som animado esquentava o pessoal. Os tabuleiros de cocada, doce de mamão, broa, doce de cidra, rapidamente eram esvaziados e logo substituídos por outros servido pela mãe da noiva.
A noiva estava linda com seu vestido de noiva branco de tafetá, o véu brando emoldurava seu rosto singelo. Parecia até uma santa.
Já era quase meia noite, quando o noivo propôs a noiva:
-O carreiro já está aí e o baú já está no carro. Vamo amô? Já está ficando tarde.
A noite estava estrelada e a apontava brilhante lá no alto do céu.
No caminho eles conversavam:
-Ocê gosta mêmo de mim?
Oia Rosinha, eu tenho um ciúme danado de ocê. Quando te via de mão dada com o João, o meu coração começava a pular e o sangue a frevê e sentia uma quentura que ia até as oreias. Agora não te deixo botar o pé fora da porta da cozinha.
-Uai! Joaquim, que negócio é esse, iante da gente casá, ocê não dizia isso, tô acostumada ir todo sábado a ladainha, num vô deixa de i mêmo, num é?
-Ah, desgraçada, traçuera dus infernu, eu qui confiava tanto ocê, creditei tudo que ocê me falo.
Formou-se uma briga, até que o noivo nervoso, perde a cabeça e apunhala sua noiva.
-Ai meu Santo Antoin, que fui fazê? Agora, fiquei sem ela por ciúme. Tanto que eu pedi a Deus que chegasse esse dia, do nosso casamento. Vô sumi pelo mundo afora, nunca mais vorto nessa terra que me desgraçô a vida.
Muitos anos se passaram, mas essa triste história de amor não foi esquecida, porque sempre tem uma noite linda como aquela que a lua cheia, fazendo suas sombras surgirem atra´s da mata, como se fossem fantasmas tremulando pela estrada, aparece Rosinha, no seu vestido de noiva branco, com seu rosto lindo e pálido sobre o véu de núpcias, e o coração cheio de saudade e mágoa a procura do ingrato amado, que nunca mais apareceu. Se nessa hora passar um caminhão, ela entra de mansinho, silenciosa e senta ao lado chofer e viaja por um pedaço de estrada.
Nada diz, nada pergunta, desaparece misteriosamente como surgiu, deixando na lembrança do viajante esta figura lendária, resultado de um infeliz amor.
triste história coitada de rosinha !!!!
ResponderExcluir